O mais inconstante dos filmes da “trilogia americana” de Stevens, em que se percebe um prejuízo de ter muito o que contar em pouco tempo, ainda que a contagem final sejam de 3h18min. A primeira metade é primorosa, de onde se extraem a maioria das imagens icônicas que marcam esse clássico. Ali está o mais bem cuidado trabalho de encenação e da exploração dos espaços, do contraste ao verde de Maryland aos longos espaços abertos do Texas. Observando todas as transformações da saga familiar dos Benedict está o imenso quadro que remete à atividade fim da fazenda Reata: ele observa a morte de um membro da família, o drama do patriarca sem conseguir encontrar um herdeiro ou o olhar esperançoso dele para as crianças da terceira geração, uma delas com sangue mexicano. A fotografia explora a visão da casa grande isolada na imensidão do deserto (uma visão que remete a obras como a de Edward Hopper (House by the Railroad de 1925) ou Andrew Wyeth (Christina’s World) que também inspiraram muito Terrence Malick em ‘Cinzas do Paraíso”. A mansão isolada é um lembrete constante da virilidade e da imposição à força dos pioneiros texanos, uma estirpe que o filme ora eleva, ora diminui com seus traços bruscos e modos rudes.
Nessa primeira metade também está a presença magnética de James Dean, um estilo de interpretação solto e livre das amarras do filme “épico” de gerações familiares que acomete, com pompa e circunstância, o restante do elenco. Dean é um sopro de novidade que reverte totalmente, na segunda metade, em um personagem que se transforma em um estereótipo, onde seu estilo de interpretação mais atrapalha do que ajuda. Jett talvez seja o mais desperdiçado dos personagens, que parece ser abandonado pelo roteiro à medida que ganha importância.
Aliás, é na segunda metade do filme, com a inclusão da segunda geração dos Benedict do roteiro, que o filme perde força por conta de uma pressa na condução da trama que prejudica as relações e deixa o público tonto: ações são conduzidas às pressas, fatos são expostos e pouco se trabalha na imersão do público com as personagens que se tornariam importantes na trama. O filme sofre, então, de uma montagem caótica e elipses destruidoras para tudo o que foi construído na primeira metade. É história demais para tempo de menos.